segunda-feira, 8 de março de 2010

Entrevista ao Diário de Aveiro, 8 de Março de 2010

"É tempo de o Executivo deixar de se queixar e começar a resolver"

Entrevista conduzida pelo jornalista Rui Cunha


O arquitecto de 32 anos reconhece que é menos conhecido do que os seus dois adversários, Eduardo Feio e Pires da Rosa. "Significa que temos de trabalhar mais".



Por que decidiu candidatar-se à liderança concelhia do PS?

Por várias razões.

Entendo que a Concelhia de Aveiro do PS deverá caracterizar-se pela união, não significando isto ausência de espaço para divergência de opiniões e a muito salutar discussão interna das mesmas.

Acreditamos existirem todas as condições para fazer a nossa Concelhia partidária funcionar em equipa, com todas as pessoas.

Ser candidato à Concelhia do PS Aveiro trata-se de uma aposta, incentivada por vários militantes que tenho podido auscultar, defensora de causas e ideias que vão de encontro à minha vontade e disponibilidade pessoal. Um desafio que, assumido por todo um grupo de pessoas com vontade de fazer um trabalho diferente, de abertura e integração, é estimulante e muito me motivou para abraçar sem reservas este projecto.


Quais são os projectos e as iniciativas que se propõe realizar se for eleito líder concelhio?

A nossa Equipa é jovem e dinâmica. Não nos faltam ideias. Temos propostas concretas. Projectos e iniciativas, existentes e futuros, serão enquadrados nas nossas ideias chave para a Concelhia:

- ABERTURA E DINAMISMO

- ORGANIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO

- PROXIMIDADE

- RESPONSABILIZAÇÃO

- TRANSPARÊNCIA, e

- VISÃO DE FUTURO E CONTINUIDADE



No texto da sua apresentação, defendeu uma Comissão Concelhia “activa” e “melhor preparada”. Isso é uma crítica a forma como o partido tem funcionado?

Não!

Claramente não é o nosso propósito criticar negativamente e, muito menos, criticar por criticar. Tal não faz parte da nossa postura.

O passado recente da Estrutura Concelhia do PS Aveiro é muito importante. Queremos aproveitar tudo o que foi feito e que se enquadre nas nossas propostas e metodologias de trabalho, dando continuidade àquilo que de bom foi feito pelos secretariados anteriores e corrigir, pela não repetição, aquilo que de menos bom foi feito.

Mais importante, na nossa opinião, pretendemos introduzir activa e continuamente novas metodologias, procedimentos e pessoas, mas sem nunca descurar a participação dos nossos antecedentes, de hoje, de há 4, 8 ou mais anos, com quem pretendemos contar.


Como avalia o trabalho de Raul Martins à frente do PS/Aveiro?

O Dr. Raul Martins tem uma maneira muito “forte” e muito própria de participar na vida política do nosso concelho e no funcionamento interno do PS, que não agrada a todos.

Mas não me posso coibir de referir, pelo menos, dois méritos fundamentais na vida concelhia do PS durante a liderança do Dr. Raul Martins, que caracterizo como extremamente positivas:

- A lista candidata à Câmara foi diferente daquilo que comummente acontece, com elementos escolhidos em função de perfis específicos

- Renovação da Bancada da Assembleia Municipal do PS.


As eleições serão disputadas por três candidatos. Que interpretação faz disso?

O Partido Socialista está na Base da jovem democracia do nosso País.

A defesa da Liberdade, da Igualdade e da Democracia foram alicerces fundamentais na génese do PS e marcam transversalmente a Declaração de Princípios do Partido.

A existência de três candidaturas significa colocar a escolha nas mãos dos militantes, implica trabalho para os candidatos e possibilita o debate de ideias.

É um sinal de dinamismo e irreverência da estrutura e dos socialistas Aveirenses. Defendemos a Democracia e mais candidaturas representa isso mesmo.


O facto de ser um militante que nos últimos anos tem tido menos visibilidade política do que a dos seus adversários pode jogar contra si ou a seu favor?

É uma realidade indesmentível, significa que temos de trabalhar mais. Fá-lo-emos, eu e as pessoas que me acompanham neste projecto, sem quaisquer reservas.

Mas também garante maior amplitude para decidir em consciência. Permite decidir cada assunto em função da avaliação feita, sem entrar em contradição nem deixar de tomar qualquer posição por forma a evitar outra assumida anteriormente.



Nas últimas eleições autárquicas, integrou a lista de candidatos do PS à Câmara. Ficou surpreendido com o convite para ocupar o sexto lugar dessa lista?

Não. A candidatura à Vereação nas Autárquicas de 2009 teve o mérito de assentar na definição de perfis e na procura de pessoas, militantes ou independentes, que melhor encaixassem em cada um desses.

Acredito ter sido pelo meu perfil pessoal e profissional, também pela minha postura dentro do Partido, que a minha inclusão naquela lista foi defendida pelo secretariado concelhio que estava naquele momento em funções.



O PS não evitou o reforço da maioria absoluta da coligação PSD/CDS. Como lê esses resultados?

Os resultados obtidos são de derrota, o que claramente nunca agrada.

Julgo que se deveu a várias razões e há que retirar como lição destes resultados que o trabalho tem de ser contínuo, e disso não temos quaisquer dúvidas! Só assim conseguiremos ter os Aveirenses identificados com as ideias do Partido Socialista.



José Costa foi a escolha acertada para liderar a candidatura do PS à Câmara?

O Dr. José Costa era o coordenador concelhio, foi o mandatário financeiro da última candidatura de Alberto Souto e foi escolhido para encabeçar este projecto pela concelhia liderada por Raul Martins.

É um homem de muita qualidade. Conseguiu, com devida vénia, construir a equipa candidata à vereação coesa e plural e construir uma dinâmica de campanha fantástica à volta daquela equipa, com a qual partilhei o privilégio de testemunhar a enorme capacidade de empenho e entrega do José Costa ao longo de toda a campanha.


Como classifica a oposição do PS no actual e no anterior mandato?

Teve aspectos bons e outros menos bons.


Que avaliação faz do trabalho da maioria chefiada por Élio Maia nos últimos anos à frente da Câmara de Aveiro?

Qual? Bem… é verdade que ganhou a Alberto Souto e a José Costa, pelo que temos de interpretar em como a avaliação dos Aveirenses foi positiva. Mas creio que tal lua-de-mel, como qualquer outra, vai ter um fim e o nosso esforço é o de fazer com que se procure o trabalho camarário que não foi feito, o que não dinamizou a cidade.

E fazer melhor, bastante melhor!

Face a esta leitura seria um bom sinal para Aveiro e os Aveirenses se futuramente existissem oportunidades para concordar com as posições políticas e decisões de gestão de Élio Maia.


Quais devem ser as prioridades da acção camarária nos próximos anos?

Transparência. Transparência. Transparência.

As prioridades que defendo são as mesmas que defendi em Outubro de 2009, inseridas no Programa de candidatura do Dr. José Costa à chefia da Câmara de Aveiro. O trabalho que acredito como sendo o necessário para Aveiro está patente naquele programa.

A realidade é que o Dr. Élio Maia está à frente dos desígnios de Aveiro, sustentado pela coligação PSD e CDS, há já quase cinco anos mas, ainda assim, perante um município que vai ficando para trás a cada dia que passa, um executivo que mantém inalterado o seu discurso político e que, apesar de ter passado todo este tempo, se centra exclusivamente num discurso de vitimização em relação à alegada “herança deixada”, esquecendo que quando se candidatou pela primeira vez a sua grande promessa era resolver a dívida – o que, até hoje, não aconteceu…

É tempo deste executivo deixar de se queixar e começar a resolver.


O PS deve começar já a preparar as eleições autárquicas de 2013?

Sem margem para hesitações.

Há que trabalhar com tempo e objectivos claros, na fiscalização política da acção deste executivo e na preparação de alternativas no seio do Partido, de maneira a responder da melhor forma ao enorme desafio e responsabilidade que significa gerir o bem público num concelho com o potencial que caracteriza Aveiro.

Se trabalharmos bem pelas Pessoas... as pessoas saberão escolher depois.


Já tem um perfil do candidato que gostaria que o PS apresentasse daqui a quatro anos?

Qualidade, capacidade de trabalho, dinamismo, vontade e princípios bastante sólidos. Com abertura ao diálogo. Estas são as características que gostaríamos de ver num(a) candidato(a) à Câmara.

Relativamente ao perfil sabemos o que queremos mas é muito cedo e até mesmo imprudente lançar nomes ou candidaturas desde já. Connosco será candidato(a) às próximas Autárquicas pelo PS Aveiro quem encaixar no perfil desejado e estiver em melhores condições para vencer aquele combate político.


Como avalia o trabalho de Afonso Candal como líder distrital do partido? Acha que se deve recandidatar ou defende o aparecimento de outro candidato alternativo?

Sou candidato à concelhia e neste momento tenho preocupação exclusiva para com Aveiro.

Afonso Candal entenderá se quer ou não recandidatar-se à Federação, e eu, como militante, exercerei o meu direito de voto.

1 comentário:

  1. Estiveste muito bem na entrevista, Ricardo!

    Aplicaste na perfeição a regra dos 3 "C"

    Claro na exposição das ideias que a equipa, os militantes e os simpatizantes que temos encontrado defendem para o Partido e para a Concelhia.

    Correcto com todas as pessoas referenciadas na entrevista, ainda que motivos sobrem para a crítica, que - fazes questão- seja sempre construtiva!

    Conciso nos comentários sobre assuntos menos concensuais que devem ser abordados nos locais certos: os orgãos do Partido, com os militantes!

    Parabéns pela inspiração! :)


    Guida

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